sábado, 25 de dezembro de 2010

Eu pipo, tu pipas, ele pipa...


Ele trocou o estresse das campanhas publicitárias no Rio de Janeiro pelo divertido comando de uma barraca de praia no Nordeste. O sonho de consumo de muito urbanóide foi o que moveu os cariocas Ricardo Gomes e sua mulher Valquíria (foto acima) a desembarcar de mala, cuia e coragem no primitivo - e tudo de positivo que essa palavrinha traz - litoral potiguar. "Depois de dois A.V.C., resolvi mudar de vida", afirma o "parioca", como ele mesmo se intitula: uma saudável mistura de paraibano de mãe com carioca de nascença.
O casal acertou na cidade escolhida. Ao contrário da letra do poeta Cazuza, o tempo em Pipa corre na velocidade de faixa de pedestre de escola infantil e para, literalmente, enquanto o sol se põe atrás das falésias ou quando os golfinhos saltam na baía. Hospedagens que cabem nos bolsos mais - e menos - recheados, comida caseira ou internacional, simpatia nativa que contagia até habitantes da fria Escandinávia, tudo em Pipa cheira à tal felicidade.
Estávamos (eu, marido e casal de filhos com os respectivos) quase decididos a virar a página de 2010 no Rio, no apê de queridos amigos de frente para a famosa queima de fogos de Copa, só que no vip pacote vinha incluído multidão, engarrafamentos, restaurantes lotados e aquela eterna sensação de insegurança. O fato é que o cenário que deu ao Rio a alcunha de "cidade maravilhosa" já não convence moradores e visitantes cansados de ver a bela cidade perder para o tráfico de drogas e tudo de feio que o envolve.
Onde poderíamos, com segurança, vestir uma bermuda, camiseta, biquine, calçar uma rasteira e usar como principal meio de transporte os nossos pezinhos urbanos cansados de asfalto, acelerador e salto alto? Viemos parar em Pipa, de onde saúdo a todos, desejando um feliz 2011!


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Enfim, sós!


Qual foi a última vez que você pronunciou as duas palavrinhas do título? Saiba que centenas de jovens recém-casados as pronunciam todos os dias. Só no Brasil, segundo o IBGE, o número de uniões legais em 2008 chegou perto de um milhão! Um milhão de "Enfim, sós!", fora os que não entram na estatística, aqueles que pensam que casar "de papel passado" é coisa, com perdão do trocadilho, do passado.

A expressão de pura satisfação justifica-se pelo longo período dos preparativos nupciais, que envolvem desde arranjar o(a) noivo(a), encomendar os convites, bifê e mais uma centena de coisas "indispensáveis" que a indústria do casamento lhe empurra goela abaixo, até a cansativa, mas excitante, busca pelo apartamentinho dos sonhos, com alguns pesadelos embutidos - reforma, atrasos, gastos e mais gastos -, porque nem tudo é perfeito.

Existe até uma associação com o pomposo nome "Associação dos Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais (Abrafesta)" que, diga-se de passagem, é o terror dos pais de noivos. Segundo a dita cuja, as cerimônias no Brasil movimentaram em 2010 cerca de R$ 10 bilhões. Acha muito? Pois nos States é vinte vezes mais!!! E o mercado é crescente. Pensando até em mudar de profissão...

Após a tão esperada festa que os noivinhos modernos curtem até o sol raiar, junto à galera animada por espumantes e outras biritas, nada melhor que um "Enfim, sós!", concordam?

Pois é, depois de mais de trinta anos, me vi pronunciando pela segunda vez esse mimo. Não, não casei de novo! Meus filhos casaram.

Até a geração das nossas mães, com raras exceções, era chegada a temida hora da tal "síndrome do ninho vazio", só habitado novamente com a chegada dos netinhos com suas fraldas e mamadeiras e noites insones... Tem gosto pra tudo, não é mesmo?

Parece que um novo modelo de casal está surgindo. Ainda jovens, que se curtem e que curtem a vida. Tem coisa melhor? Voltar a namorar, viajar de férias sem ter que deixar a despensa cheia, contratar babá extra, trazer a mãe para dar aquela espiada nas traquinagens das crianças ou no namoro dos aborrescentes.

Quando os netos chegarem, é claro que vamos curtir, mas será a vez dos nossos filhotes planejarem com cuidado e carinho os seus próximos trinta anos para, um dia, poderem olhar com amor para o seu parceiro e dizer novamente o "Enfim, sós!".

P.S. Resolvi escrever sobre o tema depois de ouvir, pela milésima vez, perguntas do tipo: "E aí, como é casar os filhos?"; "Estão muito sozinhos?"; "Estão sofrendo muito?".

Fontes:
www.ibge.gov.br
www.brasileconomico.com.br
http://mulher.terra.com.br

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Liberdade é isso


Pedalar em Fortaleza, e acredito que na maioria das capitais brasileiras, pode significar voltar para casa sem seus pertences, incluída a própria bike, ou nem mesmo voltar.

Felizmente não é assim em todos os lugares do mundo. Estava em Paris e resolvi encarar um passeio de bicicleta pela "Cidade Luz". A prefeitura disponibiliza, para moradores e turistas, bicicletas que podem ser alugadas (grátis na primeira meia hora; 1 euro na segunda) em vários pontos da cidade e devolvidas em outros tantos, de acordo com a sua conveniência. Você só precisa de um cartão de crédito.

Vesti o uniforme de ciclista em férias: bermuda, camiseta, tênis e boné e parti para a estação mais próxima do meu hotel. Caminhei somente uma quadra e me deparei com um monte de vélos (bicicletas) – daí o nome do projeto “Vélib”, ou seja, vélo + liberté - novinhas em folha me esperando. Tudo parecia simples. Após algumas tentativas na máquina, consegui destravar a “minha bike”. Agora é por minha própria conta e risco.

Risco, que risco? Logo entendi que o perigo de ser atropelada era inexistente. Pedalei pelo bairro, percorri as largas avenidas com ciclofaixas. Ônibus e carros guardavam uma distância segura. Basta manter-se próximo ao meio fio e obedecer aos sinais de trânsito. Estava me sentindo a própria ativista ambiental, dando a minha contribuição cidadã para melhorar a atmosfera do planeta.

Resolvi entrar nas ruazinhas secundárias para acessar o cais do Rio Sena. E agora? Como vai caber um carro e uma bicicleta numa via tão estreita e sem ciclofaixas? Nem precisa se preocupar! Em Paris as ciclofaixas são imaginárias, estão na consciência dos motoristas. Eu achava que estava “atrapalhando o trânsito”, como se diz aqui no Brasil, e fiquei um pouco nervosa, mas não teve nenhuma buzina ou xingamento dos motoristas que vinham atrás de mim.

Cruzei por vários ciclistas, caras de terno, meninas de saia, pessoas indo e voltando do trabalho ou passeio. Pensei comigo: liberdade é isso, é poder decidir a melhor forma de ir e vir, sem prejudicar ninguém. Espero um dia poder fazer o mesmo na minha bela Fortaleza. Ao final de uma hora, devolvi a bicicleta em outra estação, dei baixa no meu cartão, e fui visitar um museu ali pertinho.

Artigo de Celma Prata publicado no jornal Sobpressão No. 22, de março/abril de 2010, sob o título "Liberdade é poder decidir"

terça-feira, 4 de maio de 2010

Seis motivos - de um total de 30 - para não sair de Saint-Germain-des-Prés

Sempre que os amigos provocavam "Se viajam para o exterior todos os anos, por que vão sempre para a mesma cidade?", tentávamos explicar e haja blá, blá, blá... Até que desistimos, pois na verdade não tinha nada que convencesse ou justificasse a nossa "aparente" falta de criatividade. A discussão se agravava mais ainda quando eu confessava que, na maioria das vezes, nem saíamos do bairro.

Foi depois de morarmos uma pequena temporada em Paris, entre 1995-1996, no 13o. arrondissement (bairro), que elegemos o charmoso Saint-Germain-des-Prés (6o. arr.) para "habitarmos" durante os nossos pequenos breaks anuais. Tem sido assim nos últimos 15 anos, com raríssimas exceções. Agora mesmo, estamos na "Ville de Lumière".

Todo início de maio, em plena primavera, nos mandamos para cá. Na maioria das vezes, só meu marido e eu. Os filhos, agora adultos, ficam reféns da própria agenda, que às vezes coincide com a nossa. No ano passado, por exemplo, vieram "na comitiva" a recém-norinha e o futuro genrão. Já nos encontramos aqui várias vezes com amigos, como os queridos Zeneida e Rangel, mas cada um com a sua programação diurna, nos esbarramos somente na night. Por duas vezes, nossos primos Márcia e Miguel estiveram também conosco. Desta vez, é a despedida de solteira da minha filha.

Voltando a St-Germain, vamos aos seis primeiros motivos - de um total de trinta - que elenquei para ficarmos no bairro (e não sairmos). Confirmem a seguir por que repetimos Paris nas férias de maio que, diga-se de passagem, é a melhor época para curtir a "cidade luz"! Outro destino, só como segundas férias.

1) Os macarons da Ladurée da Rue Bonaparte (1.50 euro cada) Foto: Divulgação

2) O por do sol do Pont des Arts bebendo vinho (sem mostrar a garrafa, porque não pode!)

3) Alugar uma vélib e passear pelo bairro (grátis na 1a meia hora; 1 euro na 2a)

4) O café Le Départ Saint-Michel para drinques e refeições ligeiras, antes e depois da balada (não fecha!!!). Fica na fronteira com Quartier Latin, outra paixão! Quando estiver farto de foie gras, confit e magret (o que é difícil), peça aqui um filet de vitelo à milanesa com uma massa (13 euros). Uma delícia! E barato para os padrões europeus. Quanto a bebidas alcoólicas, é sempre muito caro: 1 taça de champagne: 9 euros!!! Mas tem jarrinha de tinto Bordeaux de 250 ml por 5.60 euros, mas uma delícia mesmo é o rosé da Provence bem geladinho (cerca de 15 euros a garrafa).

5) A promenade e o marché da Rue de Buci Foto: Divulgação

6) Os crepes da esquina do Boulevard Saint-Michel com o Boulevard St-Germain (também na fronteira com Quartier Latin). Jambon/fromage 3.40 euros; sucrée 1.50 euro.
Créditos fotos: Celma Prata
(Continua nos próximos posts)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

"Aqui falamos português"



Estou afastada uns dias em viagem pelo "Velho Mundo" (é o novo!), o que não justifica minha ausência neste espaço, muito pelo contrário, tenho muito para contar. Vou compensar, portanto, neste e nos próximos posts sobre algumas passagens interessantes.

Ao voltarmos para o hotel em Lisboa (Portugal), perguntamos a um passageiro do ônibus 28 se já estávamos perto do shopping Vasco da Gama, nossa parada, ao que ele respondeu: "Não...". Como não? Devia estar bem próximo, comentamos eu e minha filha. O passageiro então continuou: "... estamos próximos do Centro Comercial Vasco da Gama. Aqui falamos português!".

Tudo bem que procuremos preservar as nossas identidades, mas bom senso nunca é demais. Se os nossos nativos tivessem tido, em 1500, a atitude do orgulhoso passageiro, estaríamos todos no Brasil falando tupi-guarani até hoje. Pois, pois...

domingo, 25 de abril de 2010

Fortaleza é dez!!!


Com tanta lista de "As melhores" disso e daquilo, vamos às 10 melhores coisas para se fazer em Fortaleza:

  1. O pastel com caldo de cana da Leão do Sul da Praça do Ferreira;
  2. A caminhada descalça junto ao mar da Praia do Futuro, com a maré baixa;
  3. A panelada com uma "cerva" gelada no mercado São Sebastião;
  4. O caranguejo toc-toc da barraca Itapariká;
  5. O pôr do sol da Ponte Metálica, na Praia de Iracema;
  6. O jardim da casa de José de Alencar;
  7. A massa caseira com os tradicionais molhos italianos do Alfio de Santis;
  8. O peixe fresco frito das barracas da Praia do Futuro;
  9. O figado acebolado do Badudé;
  10. O chorinho do bar do Arlindo, aos sábados.


Foto: Divulgação

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Cerâmicas, ponte e "spirit"

Sempre que o assunto é cachaça e sítio, lembro dos meus queridos amigos Consuelo e Peter Harper, ele, o inglês mais brasileiro que eu conheço.

Peter desenvolve a bebida (“spirit”) em seu sítio, de forma não comercial, um paraíso no interior de São Paulo. Consuelo cria belas peças em cerâmica. Pois é, meus amigos “cachaceiros” formam uma dupla incomum. São os nossos inspiradores. Ele, na cachaça, ela, na decoração da casa. Vou explicar melhor.

Tudo começou em julho de 2002, quando fui passar meu niver em seu sítio. Não! Tudo começou mesmo há 15 anos. Mas o que marcou foi aquele final de semana em minha homenagem, no frio da montanha, combatido com muito vinho tinto, lareira, comidinhas fumegantes da Consuelo e muito “parabéns!”.

Quando chegou a minha vez de “decorar” (força de expressão, viu?) a minha casa da fazenda, aqui pertinho de Fortaleza, a imagem que me vinha era sempre do sítio dos Harper. Plagiei só TU-DO! Mas com o consentimento de ambos, é claro! Para mim, era como estar homenageando-os e retribuindo pela acolhida carinhosa.

Em seguida, meu parceiro de trinta e poucos anos (de união, gente!), ao desenvolver sua própria cachaça, também para consumo próprio e dos amigos, seguiu os passos meio britânicos-meio brasileiros dos nossos amigos.

Para arrematar com "chave de ouro" (ops!), ou melhor, com "cachaça do sítio" e "cedro do líbano", a primeira pedra dessa espirituosa ponte foi colocada pela minha amiga-irmã Ana, que ligou para sempre Libanus e Jambeiro. Chears!

sábado, 3 de abril de 2010

A utopia da sociedade perfeita




O comentário de "deltafrut" ao meu último post "Pela janela do carro" (sobre Brasília): "Uma das coisas que mudou muito foi a ideia de cidade planejada, perfeita, tranquila...", me lembrou um filme que assisti e que me fez refletir sobre o desejo humano de criar uma sociedade perfeita, sem sofrimento, onde todos são felizes.

O tema sempre exerceu grande fascínio sobre a humanidade. Na Grécia antiga, o filósofo Platão imaginou a sociedade ideal na obra “A República” (entre 380 e 370 a.C.); Séculos e séculos depois, a ilha imaginária do inglês Thomas More fez de sua “Utopia” (1516) uma obra atemporal. E, mais recentemente, em 1931, o também inglês Aldous Huxley criou a sua versão de sociedade extremamente organizada nas páginas de “Admirável Mundo Novo”.

O filme “A Vila” (2004), do diretor indiano "norte-americanizado" M. Night Shyamalan (o mesmo de “O Sexto Sentido” e “Sinais”), tem a sua versão de "sociedade perfeita".

Não podendo mais suportar a violência urbana e outros males sociais da modernidade, um grupo de pessoas, liderado por um professor e pesquisador (Sr. Walker), resolve se isolar para sempre em uma pequena comunidade (“vila”), muito simples e primitiva, onde sentimentos como o amor e a solidariedade e valores como pureza e inocência são a mola propulsora de tudo.

Como na ilha imaginária de More, o vilarejo perfeito de Shyamalan elege os mais velhos (“os anciãos”) − e por isso mesmo os mais sábios −, para decidir o que é melhor para todos. Com o objetivo de alcançar o bem comum e a felicidade coletiva, os anciãos não contavam, contudo, com a complexidade da natureza humana, com o instinto e outros sentimentos inerentes ao indivíduo. A segunda geração da pequena comunidade de 60 pessoas, por não terem vivenciado as experiências traumáticas de seus pais, começam a questionar aquele total isolamento, imposto sob o manto da fantasia e do medo, o que considero eticamente questionável. Em outras palavras: apesar de a comunidade propor pureza e inocência, seus habitantes são humanos e imperfeitos. O resultado não poderia ser outro: a violência acaba aparecendo.

A maldade é inerente ao ser humano e o sofrimento faz parte da vida. Isso, no entanto, não significa que tenhamos que ser maus ou sofredores crônicos. Podemos usar da racionalidade. No filme, um dos “anciãos” conclui: “perdi lá fora um familiar e aqui já perdi vários. Aprendi que o sofrimento faz parte da vida”.

No mais, o que move o filme é o amor entre o forte e questionador Lucius (Joaquin Phoenix) e a delicada e corajosa cega Ivy (Bryce Dallas Howard), que mesmo conhecendo o segredo dos anciãos, decide-se por manter as tradições daquela pequena comunidade. Até quando? Ninguém sabe. Igual "sorte" não teve o “selvagem” John, de “Admirável Mundo Novo”, que acaba se enforcando, para se livrar desse mundo "civilizado" que ele tanto almejava conhecer (olha a alegoria da caverna de Platão!).

Para quem não viu o filme, vale a pena passar na locadora. Aproveite o feriado de Páscoa!

terça-feira, 30 de março de 2010

Pela janela do carro


Neste último final de semana, ao rever Brasília, agora com olhos de futura jornalista, tive a sensação de estar em uma cidade sem comunicação. Humana, bem entendido. A ausência de semáforos transforma as ruas da cidade em longas autoestradas. É certo que nos tira o desconforto de ter de parar a cada cruzamento, mas também nos priva do prazer de observar as coisas e pessoas a nossa volta.

Gosto desse hábito urbano de caminhar nas calçadas, conhecer os lugares a pé, me perder e me achar. Em Brasília, isso fica difícil. Vocês podem argumentar que a capital verde-amarela não é o lugar mais apropriado para flâneurs, que eu deveria ter ido para Olinda, Rio de Janeiro ou Ouro Preto, mas não é sempre que a nossa agenda casa com o nosso imaginário.

"Aqui tudo é grandioso", afirmou minha amiga Regina após um comentário sobre o amplo lobby do hotel onde eu estava hospedada. Assim são também os clubes e restaurantes, todos projetados sem levar em conta o controle de natalidade em tempos pós-modernos.

E foi com esse espírito hiper-over-mega-plus que eu me vi, ora devorando um risoto de morango com camarões no ótimo Oliver, no Clube de Golfe, na companhia da minha querida prima Paulinha, que eu não via há seis anos, ora clicando as mansões da "Península dos Ministros". De dentro do carro, é claro!

Puxo na memória o que mudou na paisagem de Brasília desde a primeira vez que a vi. Os prédios de arquitetura arrojada já podem ser considerados "antigos", a vegetação está mais bela, as árvores atingiram a meia-idade com o viço próprio dos seres bem cuidados.

Na cabeça da maioria dos brasileiros, Brasília pode não ter tido alteração alguma. Continua sendo, para o poder público pelo menos, um lugar de passagem. Sem cruzamentos. Visto principalmente pela janela do carro.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Assim caminha a arte


O artista plástico cearense Vando Figueirêdo abriu sua exposição "Caminhos", dia 17 último, durante a inauguração do Espaço Cultural Porto Freire, dentro do Parque del Sol, na Cidade dos Funcionários, em Fortaleza.

A mostra é composta de 11 obras em acrílica sobre tela e outras técnicas, e mais 17 obras de seus vários períodos de criação. As primeiras fazem parte da coleção "Recortes de Portugal", pensada pelo artista a partir do seu olhar durante viagens ao país europeu. As demais tratam-se de 17 obras dos vários períodos de criação do artista. ``Eu gosto de trabalhar em várias linguagens. A pós-modernidade nos trouxe esta liberdade``, afirmou Vando.

O curador da galeria, o também artista plástico Roberto Galvão, explica sobre os dois espaços do centro cultural: no Cubo Branco é possível apreciar as criações de forma isolada, e no Arte Vida, cada obra é escolhida de acordo com o seu ambiente.

Além da galeria de artes plásticas, o Espaço Cultural Porto Freire disponibilizará para o público auditório e local para lançamento de livros e discos, além de cursos e outras atividades.

SERVIÇO
Caminhos - Até 30/4
Local: Espaço Cultural Porto Freire (Parque Del Sol & Cidade dos Funcionários).
Visitação gratuita de terça a sexta, das 9 às 19h; e aos sábados e domingos, das 14 às 19h.
Mais informações: (85) 3459 0061 / 0062
matéria escrita a partir do site
http://opovo.uol.com.br/opovo/vidaearte/964880.html



domingo, 14 de março de 2010

Salve-se quem puder!












Era o dia internacional dedicado à mulher. A jovem empresária Marcela, após cumprir sua devoção na igreja que frequentava, foi confraternizar com a mãe e outras amigas. Na volta para casa, arrancaram-lhe o direito de continuar na missão de ajudar os que precisam, de produzir, de amar, enfim, de viver com dignidade e simplicidade.

"Temos que blindar os carros!" Ouvi de uma amiga, em momento de indignação, enquanto comentávamos sobre o caso que abalou Fortaleza na semana passada. Simples assim? Quanto se chega a tal conclusão, é sinal de que estamos abandonados à própria sorte. Salve-se quem puder e tiver grana para blindar o carro. E quanto ao nosso direito constitucional de ir e vir em segurança? A quem apelar ou responsabilizar?

Fiquei pensando. E que tal se o governo pagasse a blindagem? Essa seria uma medida emergencial, é claro! Blindar o carro sem combater as causas da violência é como tratar da nossa queimadura sem apagar o incêndio que vai queimar outras pessoas. Sabemos que o assunto é complexo e requer campanhas e projetos mais duradouros.

Quem vai, então, apagar o fogo? Sociedade civil e governo precisam arregaçar as mangas de camisas de grife compradas compulsivamente nos shopping centers de Miami. Não dá para continuar assim.

Quantas Marcelas ainda pagarão com a vida diante do descaso de todos nós? Porque sabemos que não é só honrar os impostos e esperar que o governo cumpra a sua parte. Cadê a fiscalização cidadã? Isso dá trabalho, daí porque nem todos se habilitam.

Não tivemos nada o que comemorar neste 8 de março. Em nome de todas as vítimas da violência urbana de ontem e de hoje, vamos lutar para um dia podermos festejar não só as mulheres, mas toda a humanidade. Antes que garotos nos surpreendam na rua com uma arma apontada para a nossa cabeça. A próxima vítima pode ser qualquer um de nós.









terça-feira, 2 de março de 2010

Restaurante classe A com atendimento classe trash

Sabe quando você sai de casa feliz da vida, com toda a família, para provar aquela comida que sua filha lhe falou a semana inteira? Foi com esse espírito gourmet que fomos parar sábado à noite num restaurante classe A de Fortaleza. Enquanto esperávamos por nossa mesa de seis lugares, sentamos no bar para uns drinques, e começamos a xeretar o cardápio. É esse o prato! Não vejo a hora!

Agora, já bem instalados no aconchegante espaço do restaurante propriamente dito, começamos a fazer os pedidos, quando o garçom informa: "Esse prato só pode ser servido lá fora, no bar". "Mas eu comi aqui dentro na semana passada!", argumenta minha filha. "Foi uma exceção", responde o moço, e complementa: "O cardápio aqui dentro é outro". "Chama seu gerente para ver se ele pode abrir outra exceção!", suplica minha filha.

Minutos depois, ouvimos uma voz atrás de nós: "Vocês não querem comer lá fora?". Era a chef de cozinha perguntando do alto dos seus cursos gastronômicos e sotaque de outra região do país. "Não, obrigada, já estamos sentados, gostamos mais deste ambiente".

"Por que não pode servir aqui dentro? Já estamos no fim da noite, o restaurante está quase vazio, qual o problema?", insistimos. "O prato lá fora custa menos, não posso servi-lo aqui dentro", ela respondeu irredutível. Nessa hora, todo o encanto rolou escada abaixo (o restaurante-bar fica no mezanino de um fino estabelecimento comercial). A carruagem virou uma abóbora e todos nós perdemos os sapatos.

Por mim, teria ido embora naquela hora, mas meu marido resolveu insistir: "Cobre mais caro, então!". Ao que ela rebateu: "Você não sabe como é cearense... Não é facil! Trabalho nesta terra há muitos anos e sei como é... Não vão querer pagar mais pelo mesmo prato, só porque é aqui dentro!".

Não temos o hábito de sair por aí alterando cardápios e normas de restaurantes. Mas, convenhamos, em tempos de customização e leis de mercado, não custa adaptar um menu ao gosto do cliente. Pelos meus cálculos de ex-marketeira, o proprietário teve um preju da ordem de R$ 100 mil: um jantar mensal para seis pessoas (R$ 400,00) x 12 meses x 20 anos. Se mais clientes pensarem da mesma forma, em pouco tempo o restaurante desaparece e a orgulhosa chef vai ter que voltar para sua terra, de onde nunca deveria ter saído.

Resumo da noite: engolimos a comida, o desaforo e as piadas, fomos para casa e juramos nunca mais por os nossos pezinhos no lugar. A chef tem razão: nós , cearenses, somos mesmo muito estúpidos!



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Uma adoção diferente


Já passou pela sua cabeça adotar alguém? "Criança dá muito trabalho!", responde o senso comum. E quanto a animais abandonados pelos donos? "Moro em apartamento...", retruca o bom senso.

Tá, vamos afunilar suas escolhas. Digamos que você seja estudante universitário. "Sei... E o que isso tem a ver com adoção?", questiona o candidato cheio de amor para dar. Pois é, chegou a sua chance de botar esse instinto de paizão/mãezona pra fora.

Na Universidade de Fortaleza (Unifor), o estudante veterano pode adotar um bicho. Se você já conhece o campus dessa universidade, pode até pensar em emas, saguis, gatos... Mas estou falando de outro tipo de "bicho". Aquele jovem que acaba de chegar à universidade, cheio de sonhos, se pelando de medo dos famigerados "trotes", meio perdido naquele mundo.

Taí, chegou a hora de praticar solidariedade, "bicho"!

Aviso aos mais jovens: "bicho" é como a minha geração chamava os "brothers" de hoje.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

BabyEspetáculo


Fotos de bebês em páginas de colunismo social merecem uma reflexão. Qual é mesmo o propósito disso? Vai acrescentar alguma coisa em suas vidas ou na vida de seus pais? Ou mesmo para a sociedade como um todo?

No último domingo, 14/02, o suplemento social de um sério jornal de Fortaleza/CE, publicou um ensaio com vários bebês filhos de socialites locais. Com tantos temas, festas, eventos de adultos... Vamos proteger nossas crianças dessas super exposições!