
Pedalar em Fortaleza, e acredito que na maioria das capitais brasileiras, pode significar voltar para casa sem seus pertences, incluída a própria bike, ou nem mesmo voltar.
Felizmente não é assim em todos os lugares do mundo. Estava em Paris e resolvi encarar um passeio de bicicleta pela "Cidade Luz". A prefeitura disponibiliza, para moradores e turistas, bicicletas que podem ser alugadas (grátis na primeira meia hora; 1 euro na segunda) em vários pontos da cidade e devolvidas em outros tantos, de acordo com a sua conveniência. Você só precisa de um cartão de crédito.
Vesti o uniforme de ciclista em férias: bermuda, camiseta, tênis e boné e parti para a estação mais próxima do meu hotel. Caminhei somente uma quadra e me deparei com um monte de vélos (bicicletas) – daí o nome do projeto “Vélib”, ou seja, vélo + liberté - novinhas em folha me esperando. Tudo parecia simples. Após algumas tentativas na máquina, consegui destravar a “minha bike”. Agora é por minha própria conta e risco.
Risco, que risco? Logo entendi que o perigo de ser atropelada era inexistente. Pedalei pelo bairro, percorri as largas avenidas com ciclofaixas. Ônibus e carros guardavam uma distância segura. Basta manter-se próximo ao meio fio e obedecer aos sinais de trânsito. Estava me sentindo a própria ativista ambiental, dando a minha contribuição cidadã para melhorar a atmosfera do planeta.
Resolvi entrar nas ruazinhas secundárias para acessar o cais do Rio Sena. E agora? Como vai caber um carro e uma bicicleta numa via tão estreita e sem ciclofaixas? Nem precisa se preocupar! Em Paris as ciclofaixas são imaginárias, estão na consciência dos motoristas. Eu achava que estava “atrapalhando o trânsito”, como se diz aqui no Brasil, e fiquei um pouco nervosa, mas não teve nenhuma buzina ou xingamento dos motoristas que vinham atrás de mim.
Cruzei por vários ciclistas, caras de terno, meninas de saia, pessoas indo e voltando do trabalho ou passeio. Pensei comigo: liberdade é isso, é poder decidir a melhor forma de ir e vir, sem prejudicar ninguém. Espero um dia poder fazer o mesmo na minha bela Fortaleza. Ao final de uma hora, devolvi a bicicleta em outra estação, dei baixa no meu cartão, e fui visitar um museu ali pertinho.
Artigo de Celma Prata publicado no jornal Sobpressão No. 22, de março/abril de 2010, sob o título "Liberdade é poder decidir"
Felizmente não é assim em todos os lugares do mundo. Estava em Paris e resolvi encarar um passeio de bicicleta pela "Cidade Luz". A prefeitura disponibiliza, para moradores e turistas, bicicletas que podem ser alugadas (grátis na primeira meia hora; 1 euro na segunda) em vários pontos da cidade e devolvidas em outros tantos, de acordo com a sua conveniência. Você só precisa de um cartão de crédito.
Vesti o uniforme de ciclista em férias: bermuda, camiseta, tênis e boné e parti para a estação mais próxima do meu hotel. Caminhei somente uma quadra e me deparei com um monte de vélos (bicicletas) – daí o nome do projeto “Vélib”, ou seja, vélo + liberté - novinhas em folha me esperando. Tudo parecia simples. Após algumas tentativas na máquina, consegui destravar a “minha bike”. Agora é por minha própria conta e risco.
Risco, que risco? Logo entendi que o perigo de ser atropelada era inexistente. Pedalei pelo bairro, percorri as largas avenidas com ciclofaixas. Ônibus e carros guardavam uma distância segura. Basta manter-se próximo ao meio fio e obedecer aos sinais de trânsito. Estava me sentindo a própria ativista ambiental, dando a minha contribuição cidadã para melhorar a atmosfera do planeta.
Resolvi entrar nas ruazinhas secundárias para acessar o cais do Rio Sena. E agora? Como vai caber um carro e uma bicicleta numa via tão estreita e sem ciclofaixas? Nem precisa se preocupar! Em Paris as ciclofaixas são imaginárias, estão na consciência dos motoristas. Eu achava que estava “atrapalhando o trânsito”, como se diz aqui no Brasil, e fiquei um pouco nervosa, mas não teve nenhuma buzina ou xingamento dos motoristas que vinham atrás de mim.
Cruzei por vários ciclistas, caras de terno, meninas de saia, pessoas indo e voltando do trabalho ou passeio. Pensei comigo: liberdade é isso, é poder decidir a melhor forma de ir e vir, sem prejudicar ninguém. Espero um dia poder fazer o mesmo na minha bela Fortaleza. Ao final de uma hora, devolvi a bicicleta em outra estação, dei baixa no meu cartão, e fui visitar um museu ali pertinho.
Artigo de Celma Prata publicado no jornal Sobpressão No. 22, de março/abril de 2010, sob o título "Liberdade é poder decidir"