domingo, 25 de abril de 2010

Fortaleza é dez!!!


Com tanta lista de "As melhores" disso e daquilo, vamos às 10 melhores coisas para se fazer em Fortaleza:

  1. O pastel com caldo de cana da Leão do Sul da Praça do Ferreira;
  2. A caminhada descalça junto ao mar da Praia do Futuro, com a maré baixa;
  3. A panelada com uma "cerva" gelada no mercado São Sebastião;
  4. O caranguejo toc-toc da barraca Itapariká;
  5. O pôr do sol da Ponte Metálica, na Praia de Iracema;
  6. O jardim da casa de José de Alencar;
  7. A massa caseira com os tradicionais molhos italianos do Alfio de Santis;
  8. O peixe fresco frito das barracas da Praia do Futuro;
  9. O figado acebolado do Badudé;
  10. O chorinho do bar do Arlindo, aos sábados.


Foto: Divulgação

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Cerâmicas, ponte e "spirit"

Sempre que o assunto é cachaça e sítio, lembro dos meus queridos amigos Consuelo e Peter Harper, ele, o inglês mais brasileiro que eu conheço.

Peter desenvolve a bebida (“spirit”) em seu sítio, de forma não comercial, um paraíso no interior de São Paulo. Consuelo cria belas peças em cerâmica. Pois é, meus amigos “cachaceiros” formam uma dupla incomum. São os nossos inspiradores. Ele, na cachaça, ela, na decoração da casa. Vou explicar melhor.

Tudo começou em julho de 2002, quando fui passar meu niver em seu sítio. Não! Tudo começou mesmo há 15 anos. Mas o que marcou foi aquele final de semana em minha homenagem, no frio da montanha, combatido com muito vinho tinto, lareira, comidinhas fumegantes da Consuelo e muito “parabéns!”.

Quando chegou a minha vez de “decorar” (força de expressão, viu?) a minha casa da fazenda, aqui pertinho de Fortaleza, a imagem que me vinha era sempre do sítio dos Harper. Plagiei só TU-DO! Mas com o consentimento de ambos, é claro! Para mim, era como estar homenageando-os e retribuindo pela acolhida carinhosa.

Em seguida, meu parceiro de trinta e poucos anos (de união, gente!), ao desenvolver sua própria cachaça, também para consumo próprio e dos amigos, seguiu os passos meio britânicos-meio brasileiros dos nossos amigos.

Para arrematar com "chave de ouro" (ops!), ou melhor, com "cachaça do sítio" e "cedro do líbano", a primeira pedra dessa espirituosa ponte foi colocada pela minha amiga-irmã Ana, que ligou para sempre Libanus e Jambeiro. Chears!

sábado, 3 de abril de 2010

A utopia da sociedade perfeita




O comentário de "deltafrut" ao meu último post "Pela janela do carro" (sobre Brasília): "Uma das coisas que mudou muito foi a ideia de cidade planejada, perfeita, tranquila...", me lembrou um filme que assisti e que me fez refletir sobre o desejo humano de criar uma sociedade perfeita, sem sofrimento, onde todos são felizes.

O tema sempre exerceu grande fascínio sobre a humanidade. Na Grécia antiga, o filósofo Platão imaginou a sociedade ideal na obra “A República” (entre 380 e 370 a.C.); Séculos e séculos depois, a ilha imaginária do inglês Thomas More fez de sua “Utopia” (1516) uma obra atemporal. E, mais recentemente, em 1931, o também inglês Aldous Huxley criou a sua versão de sociedade extremamente organizada nas páginas de “Admirável Mundo Novo”.

O filme “A Vila” (2004), do diretor indiano "norte-americanizado" M. Night Shyamalan (o mesmo de “O Sexto Sentido” e “Sinais”), tem a sua versão de "sociedade perfeita".

Não podendo mais suportar a violência urbana e outros males sociais da modernidade, um grupo de pessoas, liderado por um professor e pesquisador (Sr. Walker), resolve se isolar para sempre em uma pequena comunidade (“vila”), muito simples e primitiva, onde sentimentos como o amor e a solidariedade e valores como pureza e inocência são a mola propulsora de tudo.

Como na ilha imaginária de More, o vilarejo perfeito de Shyamalan elege os mais velhos (“os anciãos”) − e por isso mesmo os mais sábios −, para decidir o que é melhor para todos. Com o objetivo de alcançar o bem comum e a felicidade coletiva, os anciãos não contavam, contudo, com a complexidade da natureza humana, com o instinto e outros sentimentos inerentes ao indivíduo. A segunda geração da pequena comunidade de 60 pessoas, por não terem vivenciado as experiências traumáticas de seus pais, começam a questionar aquele total isolamento, imposto sob o manto da fantasia e do medo, o que considero eticamente questionável. Em outras palavras: apesar de a comunidade propor pureza e inocência, seus habitantes são humanos e imperfeitos. O resultado não poderia ser outro: a violência acaba aparecendo.

A maldade é inerente ao ser humano e o sofrimento faz parte da vida. Isso, no entanto, não significa que tenhamos que ser maus ou sofredores crônicos. Podemos usar da racionalidade. No filme, um dos “anciãos” conclui: “perdi lá fora um familiar e aqui já perdi vários. Aprendi que o sofrimento faz parte da vida”.

No mais, o que move o filme é o amor entre o forte e questionador Lucius (Joaquin Phoenix) e a delicada e corajosa cega Ivy (Bryce Dallas Howard), que mesmo conhecendo o segredo dos anciãos, decide-se por manter as tradições daquela pequena comunidade. Até quando? Ninguém sabe. Igual "sorte" não teve o “selvagem” John, de “Admirável Mundo Novo”, que acaba se enforcando, para se livrar desse mundo "civilizado" que ele tanto almejava conhecer (olha a alegoria da caverna de Platão!).

Para quem não viu o filme, vale a pena passar na locadora. Aproveite o feriado de Páscoa!