
Agora, já bem instalados no aconchegante espaço do restaurante propriamente dito, começamos a fazer os pedidos, quando o garçom informa: "Esse prato só pode ser servido lá fora, no bar". "Mas eu comi aqui dentro na semana passada!", argumenta minha filha. "Foi uma exceção", responde o moço, e complementa: "O cardápio aqui dentro é outro". "Chama seu gerente para ver se ele pode abrir outra exceção!", suplica minha filha.
Minutos depois, ouvimos uma voz atrás de nós: "Vocês não querem comer lá fora?". Era a chef de cozinha perguntando do alto dos seus cursos gastronômicos e sotaque de outra região do país. "Não, obrigada, já estamos sentados, gostamos mais deste ambiente".
"Por que não pode servir aqui dentro? Já estamos no fim da noite, o restaurante está quase vazio, qual o problema?", insistimos. "O prato lá fora custa menos, não posso servi-lo aqui dentro", ela respondeu irredutível. Nessa hora, todo o encanto rolou escada abaixo (o restaurante-bar fica no mezanino de um fino estabelecimento comercial). A carruagem virou uma abóbora e todos nós perdemos os sapatos.
Por mim, teria ido embora naquela hora, mas meu marido resolveu insistir: "Cobre mais caro, então!". Ao que ela rebateu: "Você não sabe como é cearense... Não é facil! Trabalho nesta terra há muitos anos e sei como é... Não vão querer pagar mais pelo mesmo prato, só porque é aqui dentro!".
Não temos o hábito de sair por aí alterando cardápios e normas de restaurantes. Mas, convenhamos, em tempos de customização e leis de mercado, não custa adaptar um menu ao gosto do cliente. Pelos meus cálculos de ex-marketeira, o proprietário teve um preju da ordem de R$ 100 mil: um jantar mensal para seis pessoas (R$ 400,00) x 12 meses x 20 anos. Se mais clientes pensarem da mesma forma, em pouco tempo o restaurante desaparece e a orgulhosa chef vai ter que voltar para sua terra, de onde nunca deveria ter saído.
Resumo da noite: engolimos a comida, o desaforo e as piadas, fomos para casa e juramos nunca mais por os nossos pezinhos no lugar. A chef tem razão: nós , cearenses, somos mesmo muito estúpidos!
Celma,
ResponderExcluirNão entendi porque o restaurante não foi citado nominalmente. Lamentável a atitude deles, não deveria sequer existir um cardapio para "dentro" e outro para "fora".
Também não entendi como é que você permaneceu nesta merda(me perdoe a expressão). Eu teria me retirado na mesma hora sem comer.
Se for em cima do posto esse restaurante, eles já são famosos pelo "tratamento". Eu do jeito que sou nem me arrisco porque ia acabar mal..rs
Agora gente mal educada tem em todos os lugares, já viajei muito, morei em diferentes cidades(Rio,SP,Swansea-UK,CA-USA, Fortaleza).. em todas já me deparei com pessoas sem um pingo de educação.
Pessoas assim não deveriam voltar a "sua" terra, simplesmente porque terra alguma deveria ter esse tipo de pessoa.
Pois é, Felipe, até hoje me pergunto porque não fomos embora na mesma hora... Nossa atitude só confirmou a análise arrogante da chef sobre a "idiotice" dos cearenses. Mas tudo é ensinamento, acho que aprendi a lição!
ResponderExcluirCoitada da sua filha que ficou só na vontade do "tal" prato...
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