sábado, 25 de dezembro de 2010

Eu pipo, tu pipas, ele pipa...


Ele trocou o estresse das campanhas publicitárias no Rio de Janeiro pelo divertido comando de uma barraca de praia no Nordeste. O sonho de consumo de muito urbanóide foi o que moveu os cariocas Ricardo Gomes e sua mulher Valquíria (foto acima) a desembarcar de mala, cuia e coragem no primitivo - e tudo de positivo que essa palavrinha traz - litoral potiguar. "Depois de dois A.V.C., resolvi mudar de vida", afirma o "parioca", como ele mesmo se intitula: uma saudável mistura de paraibano de mãe com carioca de nascença.
O casal acertou na cidade escolhida. Ao contrário da letra do poeta Cazuza, o tempo em Pipa corre na velocidade de faixa de pedestre de escola infantil e para, literalmente, enquanto o sol se põe atrás das falésias ou quando os golfinhos saltam na baía. Hospedagens que cabem nos bolsos mais - e menos - recheados, comida caseira ou internacional, simpatia nativa que contagia até habitantes da fria Escandinávia, tudo em Pipa cheira à tal felicidade.
Estávamos (eu, marido e casal de filhos com os respectivos) quase decididos a virar a página de 2010 no Rio, no apê de queridos amigos de frente para a famosa queima de fogos de Copa, só que no vip pacote vinha incluído multidão, engarrafamentos, restaurantes lotados e aquela eterna sensação de insegurança. O fato é que o cenário que deu ao Rio a alcunha de "cidade maravilhosa" já não convence moradores e visitantes cansados de ver a bela cidade perder para o tráfico de drogas e tudo de feio que o envolve.
Onde poderíamos, com segurança, vestir uma bermuda, camiseta, biquine, calçar uma rasteira e usar como principal meio de transporte os nossos pezinhos urbanos cansados de asfalto, acelerador e salto alto? Viemos parar em Pipa, de onde saúdo a todos, desejando um feliz 2011!


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Enfim, sós!


Qual foi a última vez que você pronunciou as duas palavrinhas do título? Saiba que centenas de jovens recém-casados as pronunciam todos os dias. Só no Brasil, segundo o IBGE, o número de uniões legais em 2008 chegou perto de um milhão! Um milhão de "Enfim, sós!", fora os que não entram na estatística, aqueles que pensam que casar "de papel passado" é coisa, com perdão do trocadilho, do passado.

A expressão de pura satisfação justifica-se pelo longo período dos preparativos nupciais, que envolvem desde arranjar o(a) noivo(a), encomendar os convites, bifê e mais uma centena de coisas "indispensáveis" que a indústria do casamento lhe empurra goela abaixo, até a cansativa, mas excitante, busca pelo apartamentinho dos sonhos, com alguns pesadelos embutidos - reforma, atrasos, gastos e mais gastos -, porque nem tudo é perfeito.

Existe até uma associação com o pomposo nome "Associação dos Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais (Abrafesta)" que, diga-se de passagem, é o terror dos pais de noivos. Segundo a dita cuja, as cerimônias no Brasil movimentaram em 2010 cerca de R$ 10 bilhões. Acha muito? Pois nos States é vinte vezes mais!!! E o mercado é crescente. Pensando até em mudar de profissão...

Após a tão esperada festa que os noivinhos modernos curtem até o sol raiar, junto à galera animada por espumantes e outras biritas, nada melhor que um "Enfim, sós!", concordam?

Pois é, depois de mais de trinta anos, me vi pronunciando pela segunda vez esse mimo. Não, não casei de novo! Meus filhos casaram.

Até a geração das nossas mães, com raras exceções, era chegada a temida hora da tal "síndrome do ninho vazio", só habitado novamente com a chegada dos netinhos com suas fraldas e mamadeiras e noites insones... Tem gosto pra tudo, não é mesmo?

Parece que um novo modelo de casal está surgindo. Ainda jovens, que se curtem e que curtem a vida. Tem coisa melhor? Voltar a namorar, viajar de férias sem ter que deixar a despensa cheia, contratar babá extra, trazer a mãe para dar aquela espiada nas traquinagens das crianças ou no namoro dos aborrescentes.

Quando os netos chegarem, é claro que vamos curtir, mas será a vez dos nossos filhotes planejarem com cuidado e carinho os seus próximos trinta anos para, um dia, poderem olhar com amor para o seu parceiro e dizer novamente o "Enfim, sós!".

P.S. Resolvi escrever sobre o tema depois de ouvir, pela milésima vez, perguntas do tipo: "E aí, como é casar os filhos?"; "Estão muito sozinhos?"; "Estão sofrendo muito?".

Fontes:
www.ibge.gov.br
www.brasileconomico.com.br
http://mulher.terra.com.br